domingo, 8 de maio de 2011

Não só de pão vive o homem.

Nem de epilepsia e transtorno bipolar vivo eu!



Isso mesmo, pra quem pensou que esses são os únicos males da minha saúde se enganou feio, é claro que essas duas são as mais sérias e as que mais  atrapalham minha vida, contudo, eu ainda tenho muita história pra contar

Vamos pelo começo, três dias antes do parto da minha mãe eu me enrolei, com duas voltas, o cordão umbilical envolta do pescoço, os médicos não sabiam, pensavam que estava tudo bem, minha mãe tinha dilatação então o parto seria normal, mas eu não saia de jeito nenhum do ventre da minha mãe.

Tinham dois médicos um auxiliar e o que fez o pré-natal da minha mãe, o auxiliar queria me puxar com fórceps, pra quem não sabe o que é isso, se trata de um ferro que encaixa na cabeça e nas costas do bebê quando o parto está difícil, o outro médico queria fazer cesárea, minha mãe conta que houve uma pequena discussão, como o meu batimento cardíaco diminuiu, o médico chefe decidiu fazer a cirurgia, mesmo a contra-gosto o outro aceitou. Se me puxassem com fórceps eu teria morrido enforcada, felizmente não foi isso que aconteceu.

Com mais ou menos um mês de vida eu tive uma infecção de urina comum ás crianças que passam a usar todo seu sistema biológico fora do ventre. Depois dos  17 anos tive mais umas 3 infecções de urina, nada sério, meu médico falou que eu provavelmente tinha sofrido uma pancada muito forte na região da bexiga, mas essa é outra história.

Minha mãe fumou muito durante a gravidez, até deram o apelido de Maria fumaça pra ela, na minha infância meu pai e minha mãe fumavam normalmente do meu lado, eu me lembro até hoje, com 5 anos eu fui internada pela primeira vez, quem diagnosticou foi o mesmo médico que fez o parto da minha mãe, bronquite alérgica, fiquei quase um mês internada, depois disso até uns 12 anos era rotina, a cada seis meses eu ficava internada, fora os antibióticos, antialérgicos, corticóides que fizeram meu cabelo cair, mas nunca cheguei a ficar careca de tudo, só fiquei com pouquíssimo cabelo, fazia inalação de todo tipo pelo menos uma vez por semana.

Meu médico falava que eu tinha brônquiolite, que era inflamação devido alergia nos brônquios, nunca precisei usar a bombinha, hoje com meus 23 anos durante o inverno eu faço inalação quase todo dia a noite, no verão é difícil atacar.

A bronquite me trouxe outros “ites” que é comum nas pessoas com esse tipo de problema, adquiri sinusite e renite alérgica, tomo vários remédios e vários anti-congestionantes no nariz. Desde meus 5 anos de vida que eu não sei o que acordar e dormir sem tomar remédio, graças a isso, e outros problemas de humor eu também tenho gastrite nervosa.

Falar de mim é fácil, qualquer um pode fazer, ser eu é muito mais difícil, se eu não trabalhar e estudar por estar doente eu não vivo, me permito descansar quando é realmente necessário, isso da um pouco de medo nas pessoas que se preocupam comigo, uma vez me falaram que tinha medo que eu passasse mal e caísse ali na frente dela, que a qualquer hora eu podia ter um treco e morrer.

Tudo na vida da gente é aprendizado, com certeza foi uma das maiores lições da minha vida, eu entendi o que ela disse, e sigo aprendendo. Se algum dia eu vou parar de tomar remédio não sei, mas eu continuo lutando.

domingo, 24 de abril de 2011

Principais Crises.




Eu tento encarar meus problemas com firmeza, muitas vezes digo que não tenho doença nenhuma, mas não é de hoje que minhas doenças me atrapalham e me limitam de certa forma, ainda estou construindo o blog, mas vai aí pouco de mim.
Tive muitas doenças nessa minha vida, mas agora vou tratar do foco do blog que é epilepsia e transtorno bipolar. Minhas crises epiléticas começaram a aparecer aos 9 anos de idade, eu tive muita dor de cabeça, podia tomar o remédio que fosse, não passava, o médico falou pra minha mãe que provavelmente era hormonal, as dores de cabeça passaram com o tempo.
Aos 10 anos comecei a ter crise de ausência, que se manifesta como um autismo temporário, a média das crises durava menos de um minuto, quando eu voltava na maioria das vezes não lembrava no que estava pensando, por isso a escola pensou que eu tivesse autismo ou alguma deficiência mental leve e me encaminharam para a psicóloga, ela constatou que eu tinha um leve déficit de atenção, que não chegava a ser um transtorno.
 Com 12 anos eu voltei a ter crises de dor de cabeça que meu médico de sempre diagnosticou novamente como sendo hormonal. A minha cabeça doía de um jeito que era insuportável, até hoje eu nunca senti tanta dor na minha vida, eu não conseguia andar direito, falar direito, comer direito, fiquei durante três dias no escuro do meu quarto escutando música bem baixinha e sem conseguir dormir.
Minha mãe no terceiro dia resolveu que eu não ia mais ficar no quarto e me arrastou pra casa da minha tia, eu lembro que estava indo para o portão e gritei minha mãe para ir embora comigo, foi quando eu tive a primeira convulsão, essa mesma, a crise epilética mais séria, ficava babando, tremendo no chão, e fazia ruídos assustadores, foi quando eu comecei a tomar remédio para diminuir as crises, mas até os 16 anos foi bem difícil de controlar.
Aos 19 anos meu comportamento com meus amigos começou a mudar, fui grossa com eles, pensava que eles falavam mal de mim e que queriam meu mau, eu que todo final de semana tinha uma festa pra ir e vivia rodeada de amigos, me vi sozinha, trancada dentro do meu quarto com um estilete na mão cortando meu corpo, normalmente pernas e braços.
Felizmente eu melhorei, fiz vestibular e passei, durante o primeiro semestre eu fui uma das melhores alunas da turma, nos outros seis meses do ano era muito difícil de sair do meu quarto, eu tinha medo, muito medo, medo de tudo, mais cortes, mais feridas, tenho cicatrizes até hoje, reprovei em três disciplinas, perdi meu emprego, mas aconteceu uma das melhores coisas na minha vida, conheci meu namorado, que sempre me ajudou muito e está até hoje ao meu lado.
No ano seguinte já com 21 anos tentei novamente, fazer o segundo ano e as disciplinas do primeiro, até os quatro meses eu consegui conciliar bem, depois foi o mesmo desastre, durante esse tempo eu tive aula de psicologia, percebi que eu me encaixava em todas as características de depressão.
Consegui uma bolsa em uma faculdade particular e mudai pra lá, a mesma faculdade do meu namorado. Tive várias crises nervosas, normalmente com espasmos, percebi que precisava de ajuda médica, com 22 anos meu psiquiatra diagnosticou transtorno depressivo de humor bipolar.
Em 2010 fui uma das melhores alunas da sala, tive uma nota 85, as outras foram acima de 90, tirei 100 em metade das disciplinas. Estou no segundo ano, as coisas estão difíceis nessa época, mas eu estou lutando muito.
Nessa minha jornada encontrei pessoas boas e más, e pessoas que não eram uma coisa nem outra, vou regularmente ao neurologista, psiquiatra e psicóloga, tomo 9 comprimidos por dia, desde meus 12 anos que eu não sei o que é acordar e dormir sem tomar remédios, por enquanto é o que me mantém em pé, se um dia eu vou parar; não sei, mas eu continuo lutando!

                

sexta-feira, 22 de abril de 2011

EUs

As histórias que contarei aqui são todas reais, porém não divulgarei meu nome, pelo menos por em quanto. Eu existo em vários “EUs”. O meu eu mais conhecido é a de uma jovem professora que está cursando a faculdade, tranquila e pacífica, que luta para vencer sua epilepsia e transtorno bipolar.
O “EU” que vou usar aqui não é tão meigo, pelo contrário, aqui reside uma jovem frustrada, com muitos traumas durante a infância e a adolescência, contrariada por sempre ter sido uma boa garota e mesmo assim tem epilepsia e transtorno bipolar.
A grande pergunta que eu faço é “Porque eu?” O que será que eu fiz para merecer tal condição? Não sou perfeita, mas existem pessoas que foram muito mais cruéis e não receberam este castigo, pois dez anos tratando uma doença é muita coisa, teve uma época que eu pensava que era hipocondríaca, mas infelizmente eu não sou, desde que eu nasci venho contraindo doenças que a maioria das pessoas não tem, pelo menos não todas de uma vez.
Eu penso que posso estar sendo hipócrita, pois existem pessoas bem piores que eu e não reclamam como eu, mas esse pensamento fica reservado a jovem professora , aqui eu quero ser mais agressiva, quero contar coisas que nunca contei a ninguém, ou que contei a poucas pessoas, aqui eu vou divulgar meu blog de jeito que eu quero, conversar com as pessoas sem ter medo do que falar.
Eu tenho problemas em ir ao psicólogo que não vou contar agora, a minha intenção é usar esse blog como divã e compartilhar tudo que me aflige.
Me chamem de Bia Górgona pois é esse pseudônimo que vou utilizar aqui! Escreverei crônicas de uma epilética bipolar, serão todas histórias verdadeiras, mas talvez eu mude alguns detalhes.